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Estudo sobre produtividade na construção civil: desafios e tendências no Brasil

A conhecida empresa de consultoria EY (que antes se chamava Ernst & Young) publicou um interessante trabalho intitulado “Estudo sobre produtividade na construção civil: desafios e tendências no Brasil”. A pesquisa foi realizada com foco no mercado imobiliário (real estate), mas seus resultados podem ser estendidos ao âmbito geral da construção civil.

Neste estudo, que se baseia em análise de dados e entrevistas com profissionais do setor, o que mais me chamou a atenção foi a compilação de dados referentes às 7 alavancas de produtividade, que são o motor de popa do volátil mundo da construção civil em que vivemos. A Fig. 1 abaixo reproduz um quadro do estudo da EY.

 

Reprodução

 

A seguir faço meus comentários sobre algumas das alavancas:

Planejamento da execução de empreendimentos

As empresas planejam suas obras com diferentes graus de afinco e sucesso. Um mal comum é começar empreendimentos com projetos básicos que ainda não têm o necessário grau de detalhe.

A estruturação de processos ajuda enormemente a gestão. Um aspecto geralmente falho nas obras é a desconexão entre produção e suprimento. Pedidos de compra são feitos em cima da hora e terminam não obedecendo ao rito mais adequado, causando compras de especificação inadequada e atrasos de entrega.

Adoção de métodos de gestão

A técnica de Lean Construction (Construção Enxuta) tem grande aplicabilidade em obras com repetitividade acentuada, como é o caso de edifícios altos, conjuntos habitacionais, etc. Através da análise detalhada dos fluxos de produção — deslocamento dos operários, produtividade, desperdício, tempo morto, etc —, a equipe gestora da obra pode otimizar processos, seja ajustando trajetos, adaptando ferramentas, reduzindo tempos de espera e, enfim, eliminando principalmente as fontes de desperdício oculto.

Melhorias de projeto

Aqui reside um grande gargalo nos projetos de engenharia, sobretudo nas obras públicas. Enquanto vemos os países mais desenvolvidos dedicando meses e mais meses ao detalhamento dos projetos executivos e ao planejamento da obra, aqui no Brasil continuamos insistindo em projetos básicos, muitas vezes indevidamente batizados de “projeto executivo”, economias burras em sondagem e topografia, incompatibilidade entre os diversos projetos de engenharia e arquitetura. Parece que não acreditamos no valor de um bom projeto, apostamos na capacidade de nossos engenheiros de campo fazerem milagres na obra. É a lei do NHS: na hora sai…

Qualificação da mão de obra

Eis outro problemão. A figura abaixo, extraída do mesmo relatório da EY, mostra a importância que os entrevistados atribuem à baixa qualificação da mão de obra como fonte de baixa produtividade.

 

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